sexta-feira, 11 de julho de 2008

O perigo da ignorância

Eu já havia conversado com alguns amigos sobre o temor que senti quando Tarso Genro assumiu o Ministério da Justiça. Imaginem uma pessoa que flerta com um estado onde a natureza do poder é ditatorial - a antiga URSS - assumir o ministério que comanda a Polícia Federal. O resultado está ai: Prisões feitas apenas para a mídia, para dizer que "nestipaíz" rico também é preso (mas os ricos acabam soltos pelo STF em seguida porque, além das prisões serem de natureza temporária, os motivos alegados são facilmente derrubados por advogados experientes).

A maioria da população aplaude a PF pelas prisões e critica o STF pelas solturas. Porém ninguém se dá conta de que as prisões são espetáculos midiáticos. Neste caso, o STF garante que ninguém seja preso injustamente. Não digo aqui que Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas são inocentes - estão longe de sê-lo e devem mesmo ir para a cadeia, mas por motivos justos.

Mas o pior de tudo foi a PF ter pedido a prisão da jornalista da Folha de São Paulo que divulgou a operação da PF. Por sorte esse pedido absurdo foi rejeitado pelo juiz que concedeu os outros pedidos. Essa é uma tentativa clara de intimidar a imprensa. Se a informação vazou, a culpa foi da própria PF e não da jornalista, que fazia muito bem o seu trabalho.

Quem conhece um pouco de história sabe que ditadores não gostam de imprensa livre. Temo que a PF se transforme em um paralelo do que foi a Gestapo durante o regime nazista da Alemanha. Caso isso se concretize, prisões de inimigos do governo não tardarão a acontecer.

Se você, leitor, pensa que "inimigo do governo tem mesmo que ir preso", pense novamente. O inimigo do Estado deve sim ir preso. Estado e governo são coisas diferentes. O inimigo do Estado é inimigo da sociedade, das instituições. O governo apenas tem a permissão do povo para administrar o Estado. O Estado é o Brasil, e o Governo é o que está aí (Lula e PT, sendo que antes foi Fernando Henrique e PSDB). Os governos passam, mas o Estado é permanente.

Um exemplo simples do que digo: No Brasil, o inimigo do governo ainda não vai preso - e espero que nunca seja - você pode protestar contra o governo, desde que cumpra a lei. Já o inimigo do Estado é considerado um criminoso - são aqueles que incorrem em crimes previstos na constituição e no código penal. Acredite em mim: Se depender de Tarso Genro e de grande parte do PT, isso mudará. As pessoas que vivem de criticar a ditadura militar implantada entre 1964 e 1985 queriam implantar uma ditadura ainda mais cruel em nosso país. Dilma Houssef, José Dirceu e José Genoino são exemplos disso. Todos eles lutaram, não contra a ditadura, mas para implantar no Brasil uma ditadura comunista.

Quer um exemplo de um lugar onde o inimigo do governo é preso? Cuba. Se você for contra o governo, irá pra cadeia e poderá ser fuzilado. Em Cuba não existem greves, não existem protestos contra o governo, pois governo e estado são tratados como sendo a mesma coisa. Se você discorda do governo, a sua única esperança é pegar uma balsa e fugir para Miami. Esse comportamento tem tudo a ver com o que eu afirmei no parágrafo anterior - tenha em mente que Cuba é uma ditadura comunista, feita nos moldes da antiga (e falida) URSS.

Mas... e o chefe de Tarso Genro? O que diz?

O que Lula diz sobre isso tudo é irrelevante. O que podemos esperar de uma pessoa que vai ao Vietnam e diz que "Desde cedo acompanhei a Guerra do Vietnã e posso dizer que fiquei tão orgulhoso da vitória dos vietnamitas quanto os vietnamitas". Mal sabe ele que os estadounidenses arrasaram o Vietnam militarmente. A guerra do Vietnam foi perdida dentro dos EUA, porque o apoio da população à guerra acabou. Mas militarmente foi um massacre. Isso é o que dá não estudar. Fica passando vergonha às nossas custas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente e sábio texto.
Periodicidade mensal no blog ou coincidência? Ahahahah.

Abraços.